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Campinas

Em noite especial, PUC-Campinas inaugura Centro de Estudos Africanos e Afro-Brasileiros Dra. Nicéa Quintino Amauro

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Centro foi festejado pela Universidade, Movimento Negro, autoridades e convidados no Campus I

Em clima de união e celebração, a PUC-Campinas inaugurou, na quarta-feira, 23, o Centro de Estudos Africanos e Afro-Brasileiros Dra. Nicéa Quintino Amauro, com o apoio e participação do Movimento Negro. Trata-se de um movimento da Universidade que reforça a luta contra o racismo e o resgate da identidade da população negra.

O evento contou com a presença do Arcebispo Metropolitano de Campinas e Grão-Chanceler da PUC-Campinas, Dom João Inácio Müller; do Reitor da PUC-Campinas, Prof. Dr. Germano Rigacci Júnior; do Vice-Reitor, Prof. Dr. Pe. José Benedito de Almeida David; do Prefeito de Campinas, Dário Saadi; da Presidente da Associação dos Religiosos de Matriz Africana de Campinas e Região, Comendadora Edna Almeida Lourenço; da Representante das Religiões de Matriz Africana e Responsável pela Lavagem das Escadarias da Catedral de Campinas, Mameto Dangoromenha; da Responsável pelo Programa Permanente de Igualdade Racial, Profa. Dra. Waleska Miguel Batista, entre outras autoridades, Pró-Reitores, decanos, diretores, docentes e alunos da Universidade.

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O Centro terá como objetivos realizar atividades de “Diálogos sobre Racismo” e desenvolver a formação continuada da comunidade acadêmica interna – conectando docentes, discentes e funcionários. Além disso, estará de portas abertas para receber grupos de pesquisadores e membros da comunidade de interesse das relações étnico-raciais.

A primeira parte do evento ocorreu em frente ao Centro, que foi descerrado após a bênção ecumênica realizada pelo Arcebispo Metropolitano e pela representante das Religiões de Origem Africana. A oração também teve música e muitos aplausos da comunidade presente durante a cerimônia.

O espaço ganhou um visual temático com concepção conceitual de Andrea Mendes, curadora, educadora, artista e militante do movimento negro; e projeto gráfico da artista juntamente com Ike Banto, que ficou responsável pelas ilustrações.

“O fundamento é um espaço de conhecimento. Quando eu visitei o local inicialmente, me deparei com o tom de azul e eu acho que esse tom me provocou e me levou a pensar sobre o trânsito atlântico. A partir desse trânsito, que foi responsável por trazer mais de quatro milhões de pessoas do Continente Africano para o nosso, entendi que esse deveria ser o caminho. Então, o mar de trânsito está na parte de fora. E dentro fizemos um dégradé, que dá a sensação de que estamos chegando à fronteira. Temos o mar profundo do lado de fora e dentro a chegada ao continente, um lugar de encontro. Decidi conectar o passado com o futuro: temos as mulheres ancestrais, que simbolizam um passado de sofrimento e aprendizado, e fontes do saber, que são compartilhados; temos símbolos que representam a ponte entre passado e futuro. O objetivo é dialogar com o passado e a gente poder construir o futuro sob o olhar dos que vieram antes e foram tão negligenciados pela história”, explica Andrea Mendes, idealizadora do projeto artístico do Centro.

Na sequência, no Auditório do Campus I, as autoridades elevaram a iniciativa e comemoraram o passo importante da PUC-Campinas na luta contra o racismo e no avanço da preservação e recuperação da identidade negra.

“Em solo brasileiro, quantas barbaridades temos assistido todos os dias contra as culturas africanas e afro-brasileiras. É preconceito, intolerância e ignorância. Com calma e vagar precisamos resgatar e respeitar nossos irmãos de cultura afro. Todas as pessoas precisam silenciar mais, ouvir mais, meditar e contemplar mais. Isto nos torna humanos, isso nos ajuda a nos manter humanos” afirmou o Arcebispo. “Que a dinâmica do Centro de Estudos Africanos e Afro-Brasileiros Dra. Nicéa Quintino Amauro seja instrumento de resgate da cultura africana e afro-brasileira. Oxalá! Que Deus, então, ao olhar para esse Centro, diga: ‘É muito bom!’”, completou Dom João Inácio Müller.

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“É uma iniciativa que surgiu de um extenso trabalho de diálogo ao longo de quatro anos, especialmente na implementação do projeto Diálogos sobre o Racismo, perfazendo 23 encontros, que buscaram resgatar a história e promover debates que apoiassem e valorizassem as comunidades negras. O projeto propiciou o diálogo interdisciplinar e a abordagem reflexiva. Dessa caminhada nasce o conceito desse Centro, que hoje se torna realidade. Ele será um ponto de referência para o desenvolvimento de ações que celebram todas as culturas, especialmente as de matriz africana. Será também espaço para explorar conexões entre passado, presente e futuro, fortalecendo as identidades afrodescendentes. Queremos enfatizar o compromisso na nossa Instituição com o pacto educativo global proposto pelo Papa Francisco. Em um mundo contemporâneo, marcado por crises, reconhecemos que somente por meio de uma jornada educacional inclusiva é que poderemos minimizar tais desafios. Essa jornada envolve uma rede de relações que compartilham compromissos e aliança, gerando paz, justiça e aceitação entre os povos”, disse o Reitor Prof. Dr. Germano Rigacci Júnior.

“A criação do Centro é um marco na história das universidades do Brasil. Ele mostra que é reconhecido o racismo e que nós precisamos combater. E esse espaço é qualificado para tratar dessa pauta, através de pesquisa, debates e formação. Então, é um grande avanço. Eu estou vivendo uma felicidade muito grande, também porque o nome que o Centro de Estudos leva é de uma mulher negra que foi grande referência para nós”, comentou a Comendadora Edna Almeida Lourenço.

“Vocês que são estudantes, vocês mulheres e homens negros, se vocês soubessem o presente que estou ganhando hoje, de estar aqui, não só como responsável pela lavagem de escadaria, mas pela luta que temos. Só precisamos de alguém que nos escute. Por isso, obrigado ao Reitor por nos ouvir. Ainda vou ver uma biblioteca cheia de livros e de heróis de matriz africana. Somos muitos filhos, e filhos de um só pai. Só somos diferentes na questão de prática”, comentou Mameto Dangoromenha (mãe Dangô).

O evento seguiu com uma apresentação artística do Coletivo Nação Nagô de Campinas, comandada por TC Silva. Ao final, a mãe da Dra. Nicéa, Maria Aparecida Quintino, recebeu flores da Universidade, entregues pela Diretora da Faculdade de Educação da PUC-Campinas, Profa. Dra. Eliete Aparecida de Godoy, como homenagem ao legado da filha.

Com a ativação do Centro, serão fomentados estudos sobre o tema e será estruturado o observatório das Relações Étnico-raciais, bem como o Repositório Digital – Teses, dissertações, TCC’s e práticas sociais e educativas.

“Eu tenho certeza que esse Centro vai discutir, fazer pesquisas e propor políticas públicas que possam enfrentar a desigualdade racial. Trago aqui meus parabéns. Reconheço a Universidade onde tive a honra de estudar e reconheço o papel da PUC-Campinas como fundamental na parceria com a cidade. A PUC-Campinas inova com esse Centro, não só do ponto de vista de estudo, mas de ser um instrumento que a Universidade disponibiliza de enfrentamento ao racismo e à intolerância religiosa”, reforçou o prefeito de Campinas, Dário Saadi.

“O Centro é resultado de uma luta política e coletiva. Depois de muitos anos, ter um Centro que vai tratar sobre a importância de combater o racismo estrutural e institucional com ações efetivas e afirmativas para combater toda a prática de intolerância e discriminação. Será um complemento na formação do estudante. Ter isso na nossa instituição vai proporcionar a possibilidade de uma formação ainda mais integrada e diversa”, comenta Waleska Miguel Batista, responsável pelo Programa Permanente de Igualdade Racial da Universidade.

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Campinas

CIM deflagra operação integrada contra furto de fios e cabos em cidades da RMC

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Ação simultânea nas 20 cidades da RMC fiscaliza comércios de reciclagem para coibir crimes relacionados ao furto de cabos

O Centro de Inteligência Metropolitano (CIM) deflagrou, na manhã desta quarta-feira, 21, a primeira operação integrada com foco no combate à receptação de fios e cabos de origem ilícita. A ação mobilizou as Guardas Municipais das 20 cidades da Região Metropolitana de Campinas (RMC), com fiscalizações simultâneas em estabelecimentos que atuam na comercialização de materiais recicláveis.

A iniciativa teve como principal objetivo coibir o comércio ilegal de metais furtados — um tipo de crime que causa grandes prejuízos à infraestrutura urbana, como iluminação pública e telecomunicações, e que prejudica a população.

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O planejamento da operação foi conduzido pelos setores de inteligência dos municípios participantes, que realizaram levantamentos prévios para identificar os alvos da fiscalização.

Estão sendo fiscalizados estabelecimentos com suspeita de receptação e apreendidos fios e cabos que podem ser origem de furtos e roubos. Os suspeitos estão sendo levados para as delegacias das respectivas cidades para apresentação. Um balanço completo da ação será divulgado na parte da tarde.

Sobre o CIM
O Centro de Inteligência Metropolitano foi inaugurado no dia 12 de maio pelo prefeito de Campinas, Dário Saadi, atual presidente do Conselho de Desenvolvimento da RMC. O objetivo é articular os núcleos de inteligência das Guardas Municipais das 20 cidades da RMC para fortalecer a cooperação entre os municípios, viabilizar o compartilhamento de dados estratégicos, definir ações integradas e realizar operações conjuntas de enfrentamento à criminalidade.

A coordenação do CIM está a cargo da cidade de Vinhedo, com Paulínia na vice-coordenação. A direção conta ainda com Campinas na 1ª secretaria, Santo Antônio de Posse na 2ª e Itatiba na 3ª.

Fazem parte da Região Metropolitana de Campinas os municípios de Americana, Artur Nogueira, Campinas, Cosmópolis, Engenheiro Coelho, Holambra, Hortolândia, Indaiatuba, Itatiba, Jaguariúna, Monte Mor, Morungaba, Nova Odessa, Paulínia, Pedreira, Santa Bárbara d’Oeste, Santo Antônio de Posse, Sumaré, Valinhos e Vinhedo.

Denúncias
A população pode colaborar com as ações de combate ao furto e à receptação de fios e cabos. Denúncias podem ser feitas diretamente às Guardas Municipais de cada cidade ou por meio do telefone 153.

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Campinas

Entre prédios e patrimônios: a disputa silenciosa pelo centro histórico de Campinas

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Especialistas apontam falta de gestão eficiente e pressão do mercado como causas para descaracterização de bairros históricos

  • Por Coletivo Spotlight*

A transformação urbana acelerada de Campinas vem trazendo à tona um dilema que se repete em cidades de médio e grande porte pelo Brasil: como equilibrar o avanço do setor imobiliário com a preservação do patrimônio histórico?

A metrópole foi uma das primeiras a criar o próprio Conselho de Patrimônio Histórico com uma lei em 1987 e regulamentado no ano seguinte. No entanto, apesar de reunir 765 bens tombados e outros 600 processos de estudo, o tombamento não é suficiente para garantir a preservação.

Apenas nos últimos 11 anos, entre 2015 e 2025, um levantamento realizado com base no registro do IPTU de Campinas mostra que a cidade teve um acréscimo de 45 mil novos apartamentos e 12 mil casas. Qual o impacto deste crescimento no patrimônio? “Tem vários prédios sendo demolidos. Demolidos assim, eles são deteriorados com o tempo por falta de preservação”, comenta Jucinaide, campineira e que possui uma barraquinha na Feira Hippie do Bairro Cambuí há 15 anos.

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Para entender o panorama do impacto da valorização imobiliária sobre o tecido histórico-cultural da cidade conversamos com João Verde, arquiteto e conselheiro do Condepacc, e Fernando Shigueo Nakandakare, também arquiteto e estudioso da dinâmica urbana.

Cidade abandonada
A situação dos bens tombados e áreas históricas de Campinas é, para João Verde, “extremamente precária”. Segundo ele, não há apoio suficiente para que proprietários consigam realizar reformas ou restauros que lhes permitam reocupar os imóveis antigos, o que leva ao abandono e à deterioração.

Verde reconhece a presença do mercado imobiliário sobre áreas centrais e bairros nobres no Centro expandido como Cambuí, Nova Campinas e Taquaral, onde antigos casarões e terrenos amplos tornam-se alvos para novos empreendimentos. Explica que as construtoras e os empreendedores procuram espaços onde haja demanda por habitações e empreendimentos e buscam imóveis que possam ser comprados e locais onde possam construir novos edifícios. “O mercado imobiliário é como qualquer outro, busca locais para empreender onde haja retorno. O que falta é projeto e planejamento urbano para conciliar essa expansão com a preservação”, diz.

Verde não concorda com o uso do termo especulação para explicar o fenômeno de expansão imobiliária no centro. Já Fernando Shigueo Nakandakare, não nega, mas os desenvolve, para ele, a especulação, consiste em deixar imóveis desocupados aguardando valorização sem se preocupar com a depreciação da cidade de forma a impedir o local de cumprir sua função social.

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No entanto, afirma que é preciso deixar claro que a especulação e o mercado não são sinônimos. O primeiro pode ser utilizado pelo segundo como estratégia de depreciação para futura valorização, mas que ganha espaço na ausência de ações eficazes de reconhecimento de patrimônios em uma dinâmica sustentável na cidade.

“Quando tratamos edifícios apenas como mercadoria, deixamos à mercê do mercado que busca apenas lucro”, alerta.

A demolição e a requalificação
Um caso simbólico dessa disputa em Campinas foi a antiga fábrica de chapéus, próxima ao Mercado Municipal. O local, segundo Nakandakare, tinha potencial para se tornar um centro cultural ou espaço multiuso, mas acabou sendo vendido para uma construtora que vai preservar apenas a fachada e erguer uma torre habitacional.

“Poderíamos ter tido algo como o Sesc Pompeia em São Paulo, mas não foi o caso”, lamenta.

Verde, por sua vez, cita experiências onde a pressão imobiliária resultou em requalificação, como no antigo sanatório Santa Isabel, hoje transformado no complexo Pátio Abolição. Ele defende a verticalização das áreas centrais como caminho para evitar o espraiamento urbano e promover o adensamento populacional com acesso à infraestrutura.

“Os novos empreendimentos podem ajudar a requalificar o patrimônio, ocupando imóveis abandonados e estimulando comércio e serviços no entorno”, afirma.

Outro exemplo de requalificação de patrimônio histórico citado por Verde é o edifício onde atualmente funciona a ESAMC que era um edifício fundado em 1909 como um colégio apenas para mulheres que teve a fachada mantida, mas “praticamente quase todo demolido na sua parte interna e parte traseira. Foi feito outro empreendimento com o hotel, salas comerciais e o espaço da universidade”.

“Claro, não há mais espaço para ter aquela escola feminina, a escola de freiras naquele lugar, mas há espaço para ter uma universidade funcionando lá com diversos cursos. Então, a cidade vai se reinventando. Há necessidade da cidade se reinventar”, diz.

Plano de gestão deficiente
Ambos os arquitetos concordam que Campinas sofre com a ausência de um plano de gestão do patrimônio que articule de forma eficiente o poder público, sociedade civil e mercado. Enquanto Verde critica a falta de um planejamento urbano consistente, Nakandakare defende a criação de um corpo técnico capacitado para construir soluções que não repitam o ciclo de abandono e descaracterização.

“Hoje, para muitos, patrimônio é sinônimo de prédio abandonado. Proteger é ocupar, dar função, memória. Não demolir não é preservar”, fala Nakandakare.

O arquiteto defende que o poder público precisa de instrumentos mais eficazes para gerir o patrimônio, integrando-o de forma sustentável à dinâmica social e econômica. “Proteger sem qualificar é adiar: se o mercado não demolir, o tempo o faz”, diz.

Em complemento, João Verde conta que em Campinas existe uma lei de tombamento, mas não de preservação. “Tombar não significa preservar e a preservação é muito cara”.

Ele explica que os mecanismos existentes na metrópole não são suficientes. Há, por exemplo, a isenção de IPTU para imóveis tombados, mas ela só se aplica se o proprietário está realizando um restauro ou reforma no local naquele ano. “Eu acho que é necessário que as pessoas tenham isenção de IPTU nesses imóveis tombados se o imóvel estiver sendo bem mantido, não adianta dar isenção para o imóvel que tá largado e abandonado”.

Outra ferramenta que considera importante é a Lei do Potencial Construtivo, ela só se aplica a imóveis tombados e tem potencial para trazer benefícios a médio e longo prazo. O arquiteto explica que ela abre a possibilidade do proprietário de um imóvel tombado vender o “potencial construtivo” a uma incorporadora que, ao comprar, “ganha” a capacidade de construir mais do que a metragem originalmente permitida no terreno.

Nakandakare explica que o valor do imóvel está conectado ao potencial construtivo que se estabelece para determinadas regiões junto ao plano diretor. Quanto maior o potencial construtivo de uma região com infraestrutura e boa localização, maior será a pressão sob os patrimônios existentes nessa localidade.

Desta forma, o dinheiro obtido com a venda só pode ser utilizado para a manutenção do imóvel que teve o potencial comercializado. E assim, Verde comenta que muitos imóveis abandonados passaram a ganhar projetos de restauro e requalificação. “O dinheiro tá vindo do que vocês chamam de especulação imobiliária. Eles, claro, tão ganhando quando vão pegar essas áreas construídas e aumentar seus prédios, sim, mas isso está gerando dinheiro, está movimentando o mercado. Inclusive criando o mercado para profissionais restauradores, especialistas em pintura, especialistas em taipa, em trabalhar com técnicas construtivas antigas”.

Ainda assim, aponta um problema na legislação, ao só pode ser vendido uma vez a ação de manutenção e restauro que é constante acaba ficando deficitária com o tempo. Assim, sugere que “a cada 10 anos ou 12 anos as pessoas possam vender esse potencial novamente”.

Incômodo e a perda da memória
A situação dos patrimônios e da própria cidade é um incômodo para os moradores de Campinas apesar de entenderem que invariavelmente o tempo vai promover mudanças na paisagem urbana. Cláudia, arquiteta e proprietária de uma barraquinha na Feira Hippie há 35 anos, fala sobre o apagamento da memória que a cidade vem sofrendo, este provocado pelo
abandono e a substituição de casas históricas por enormes edifícios.

Além disso, ressalta que o bairro do Cambuí deve ser preservado antes que seja completamente descaracterizado. “Tem uma casa de esquina aqui embaixo, tombada, mas tá ruindo. Então, eu acho que Campinas está esquecendo da memória.”, se referindo a uma casa tombada pelo Conselho de Patrimônio de Campinas na rua Antônio Cesarino que é de taipa e foi construída no fim do século XIX, mas que não recebe manutenção e precisa de restauro.

Já Júlio César, que mora na região dos estádios, direciona as críticas à gestão municipal atual. Ele considera que a prefeitura não promove investimentos suficientes para a cultura, sendo a preservação do patrimônio um dos elementos. “Eu acho que ainda é uma cidade muito carente pelo tamanho que tem, pelo tamanho da população, eu acho que ainda é uma cidade muito carente de atividades de cultura. A parte histórica é muito mal preservada, mal explorada. E também tem a questão dos prédios tombados que não deveriam ser derrubados. Eu acho que tem outras regiões da cidade que podem ser melhor aproveitados para erguer prédios e construir novos bairros”.

Maurício, dono de uma barraquinha de discos na Feira Hippie e morador do Cambuí desde o nascimento, também é bastante crítico à prefeitura. Ele afirma uma falta de fiscalização e um Plano Diretor coerente com a cidade, pois vê no bairro cada vez mais edifícios sendo construídos no lugar de antigas casas e “sufocando” o espaço.

“No Cambuí você vê que cada vez você está ficando mais apertado. Porque você tem o seu prédio, aí do lado lado tem outro prédio, atrás tem outro prédio (…) tinha casas bacanas, sendo demolidas e construindo o prédio. Eu sou contra, tá?” E lembra de casos como um antigo palacete localizado na Avenida Júlio de Mesquita que em apenas um fim de semana foi destruído e o terreno limpo para logo depois ter um edifício de hotel no local.

“Você passou que domingo à tarde, 6h da tarde, tava demolido um lugar histórico para construir um um flat ali, eu acho que um hotel. Eu acho que isso foi escandaloso”.

Situação que Jucinaide ressalta, ela diz acompanhar a demolição de muitos prédios em Campinas e não concorda com a destruição que vem ocorrendo. Para ela, isso descaracteriza a cidade e faz com que perca a identidade. Ela acredita que é um papel da prefeitura assumir a responsabilidade para evitar que isso ocorra.

E ressalta que muitas construções de Campinas nem precisam ser efetivamente demolidas, são apenas abandonadas e a falta de manutenção provoca a deterioração. “Não precisa nem demolir, porque ele vai destruindo com o próprio tempo mesmo”. “As pessoas vão para fora ver os prédios antigos, históricos, né? Sendo que aqui eles não mantêm, né? Então eu acho uma judiação isso. Eu acho que teria que preservar sim. Porque assim como o pessoal vai para fora para conhecer os prédios históricos e tudo, por que não preservar aqui também?”.

O que diz a prefeitura?
A Prefeitura de Campinas foi questionada sobre o assunto, mas não enviou resposta até
o fechamento da reportagem.

  • Spotlight é um coletivo de jornalismo universitário formado por estudantes de diferentes semestres do curso de Jornalismo da Escola Superior de Administração, Marketing e Comunicação (ESAMC), em Campinas.

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Campinas

Comemoração do Dia do Mundial Hambúrguer tem prova de resistência gastronômica

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A rede de restaurantes Let’s Eat celebra o Dia Mundial do Hambúrguer com nova edição do desafio “6 Guenta Burger” e premiação de até R$5 mil

Em comemoração ao Dia Mundial do Hambúrguer, celebrado em 28 de maio, a rede de restaurantes Let’s Eat promove mais uma edição do “6 Guenta Burger”, competição que convida corajosos fãs de hambúrguer a encarar um combo gigante em busca do menor tempo de consumo. A ação faz parte das celebrações do Dia Mundial do Hambúrguer, comemorado em 28 de maio, e ocorrerá em todas as unidades da rede entre os dias 13 e 31 deste mês. O vencedor levará pra casa R$5 mil reais.

A competição é dividada em duas fases, a primeira é realizada entre os dias 13 e 28 de maio de 2025, em todas as unidades Let’s Eat. A segunda reúne apenas os campeões de cada uma das unidades para uma grande final.

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Para competir, basta comparecer a uma das unidades (Araraquara, Atibaia, Botucatu, Cerquilho, Guarujá, Indaiatuba, Itu, Jundiaí, Mogi-Guaçu, Piracicaba, Rio Claro, São Carlos, Taubaté e Valinhos), solicitar o combo especial “6 Guenta” (R$59,90) e informar ao garçom o desejo de participar da competição. O desafio consiste em consumir, no menor tempo possível, o combo que inclui um super sanduíche com 6 hambúrgueres, 6 fatias de bacon, 6 fatias de cheddar e maionese especial da casa, além de uma porção de batata frita (100g) e uma Coca-Cola de 350 ml (normal ou sem açúcar). Os participantes também levam para casa uma camiseta promocional, enquanto durarem os estoques.

Apenas maiores de 18 anos podem participar, e o combo não pode ser compartilhado. Quem quiser apenas experimentar o burger, sem entrar na disputa, poderá adquirir o combo por R$99,90 (nesta opção, sem camiseta e sem refrigerante).

Ao final da primeira fase, o campeão de cada unidade participará da grande final, que será realizada no dia 31 de maio, às 18h, na unidade Let’s Eat de Araraquara. Na final, os vencedores de cada unidade se enfrentarão presencialmente pelo título de campeão nacional do “6 Guenta Burger”.

O campeão da finalíssima levará para casa um prêmio de R$5 mil. O 2º lugar ficará com R$3 mil e o 3º com R$1 mil. Os demais finalistas recebem um voucher de R$200 para consumo em qualquer unidade Let’s Eat

Para o criador da marca, Marcos Nunes (foto), a campanha traduz o espírito da rede: “O 6GUENTA virou uma tradição que une diversão, desafio e, claro, muito hambúrguer. É uma forma de celebrar com os nossos clientes essa paixão que temos por burger de um jeito diferente e inesquecível”.

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